segunda-feira, 29 de agosto de 2011

famílias ocupam o INCRA

fonte: centro burnier
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160 famílias ocupam Incra de Mato Grosso
Postado em 2011-08-25 00:00:00 por keka@centroburnier.com.br
Autor/Fonte/Link: CBFJ




Vanuza e a filha estão entre os manifestantes



Keka Werneck, da Assessoria de Imprensa do MST em Mato Grosso

Estão ocupando a superintendência do Instituto de Colonização e Reforma Agrária (Incra) de Cuiabá, desde a última segunda-feira, dia 22 de agosto, 160 famílias do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST).

As famílias vieram de todas as regiões do Estado e compartilham a mesma pauta de reivindicações, que, conforme os militantes, já está velha e amarelada.

No meio dos adultos, cerca de 20 sem-terrinha também estão acampados no Incra.

Esse pessoal reivindica assentamento das famílias, crédito, vistoria de áreas, escola para a criançada e diversos outros direitos sociais. Querem plantar, fazer cerca, construir casa de alvenaria e sair dos barracos, comprar sementes, fazer poço, estruturar a vida.

O grupo trouxe alimentos o suficiente para ficar por tempo indeterminado. Veio de ônibus.

Marciano da Silva, da coordenação do Movimento, explica que essas famílias estão acampadas, pré-assentadas e assentadas.

Apesar da ocupação, o Incra está funcionando normalmente.

Segundo Marciano, ainda não há nenhuma reunião agendada com a superintendência do Incra. “Luis Barranco nos procurou hoje (terça, 23) mas, até agora, nada agendado”. Luis Barranco está sendo cotado para ocupar a superintendência do Incra de Mato Grosso, que está vaga.

Vida no campo

Segundo Marciano, quem está assentado já está com a vida mais regularizada. Os pré-assentados também já conseguem plantar com mais sossego. É mais preocupante a situação das família acampadas, que nem se quer podem plantar e podem ser expulsas da área a qualquer momento.

“No assentamento, as coisas começam a melhorar, e a gente costuma fazer uma comparação. Por exemplo, se a luta não valesse a pena nós não continuava (sic), porque as pessoas estão nas favelas, sofrendo violência, passando perseguição, preconceito e, no assentamento, pelo menos elas trabalham por conta delas mesmo, o que eles produzir (sic) é pouco, mas é dela, mas isso é muito longe do que nós queremos, nós queremos a reforma agrária ampla, com os mesmos direitos que as pessoas têm nas cidades”, explica Marciano.

Um campo bem estruturado é o que o MST quer. “Mas isso que está aí é uma transferência da favela urbana para a favela rural. Ainda vai ter que ter muita luta e compreensão política para a gente mudar isso”, diz a liderança sem-terra.

No acampamento

Vanuza de Jesus Araújo, 35, está acampada no Incra com a filha, Maria Aparecida, 5. Ela mora no Acampamento Sílvio Rodrigues, região de Mirassol Doeste. O Incra acaba de transmitir a emissão dessa terra ao MST. Ela será, em breve, uma pré-assentada. Vanuza já planta banana, mandioca, horta, milho, arroz e feijão. Antes ela morava na zona rural de Cáceres, no assentamento dos pais dela. “Eles são assentados há 13 anos”, conta ela, que diz gostar mesmo é de morar no sítio. “Meu sonho é pegar meu pedaço de terra e sobreviver lá”.



Davi Pereira Alves, 52 anos, também está na ocupação do Incra de Cuiabá. Mora em Poxoréo, no Assentamento Mártires dos Carajás. Lá ele cria galinha e gado, planta milho, mandioca e outros alimentos, que evita de comprar na cidade. “Eu morava na Bahia e vim para MT em 1991, trabalhei na cidade de zelador e depois entrei para o MST, que eu conheci através dos meus irmãos, que conseguiram terra rápido. Para mim foi mais demorado. Só consegui a terra depois de 5 anos. Agora já estou assentado e estamos aqui, nesse ocupação do Incra, para ajudar os que ainda estão acampados. E também porque o MST não é só terra, é uma luta contínua: lá onde moro nos precisamos de estrada, casas, pontes...”, destaca Davi.

No assentamento, ele encontrou um amor. “Minha companheira gosta do que eu gosto e ela responde junto comigo pela associação dos moradores, da qual eu sou o presidente. Já temos duas filhas, acho que é possível sim ser muito feliz no campo, a luta continua”.

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