quarta-feira, 21 de setembro de 2011

eveline werner - árvore

fonte: centro burnier

SUSTENTABILIDADE - Feliz Dia da Árvore! Mas... que árvore?!

Eveline de Magalhães Werner
Postado em 2011-09-20 00:00:00 por inacio@centroburnier.com.br

Árvores... Árvores que simbolizam nossa riqueza de flora, nossas florestas, cerrado... Que representam e que abrigam vida, diversidade... Que têm fundamental importância na regulação climática, na reserva hídrica, na qualidade atmosférica, na reserva de carbono, na prevenção de degradação do solo... São tantas as funções, os significados...

O dia 21 de setembro, conhecido em todo o país como Dia da Árvore, foi instituído justamente para trazer presente essa importância da árvore, da vegetação, para a vida no planeta. Aliás, é interessante lembrar que o Brasil comemora o Dia da Árvore desde 1965. Dado interessante, quando se nota que 1965 também foi o ano de edição do atual Código Florestal. Através da Lei 4.771, o Código Florestal de 1965 trouxe uma série de avanços para a proteção do meio ambiente, especialmente por trazer institutos como a área de proteção permanente e a reserva legal. E isto ocorreu em um período onde reinava uma concepção claramente “desenvolvimentista”, durante o golpe militar; um período marcado pela expansão de rodovias de Brasília (para onde havia sido transferida a Capital Federal) às diversas regiões, e pelo início de programas de modernização agrícola. Em síntese, em um cenário geralmente associado à degradação ambiental.

Aliás, o mesmo havia ocorrido com seu predecessor, o Código Florestal editado em 1934. Os anos trinta foram marcados pelas ideias de Vargas de industrialização do país, integração nacional e expansão da fronteira de ocupação para o sertão brasileiro, e ainda assim o Código foi um instrumento avançado para a época, o que significa dizer que, em ambos os momentos históricos mencionados, a ideia de conservar parcela dos recursos estava vinculada à perspectiva de progresso!

É espantoso notar que, apesar de todas as notícias veiculadas divulgando relatórios de pesquisa que apontam uma crise ambiental sem precedentes, reconhecida inclusive em diversas convenções internacionais, e apesar de haver muito mais informações científicas disponíveis, demonstrando os efeitos perversos do desmatamento, o Congresso caminha na contramão da história, se propondo a alterar o Código vigente de maneira tão absurda e sem fundamentos, apenas com o intuito de beneficiar a uns poucos, que lucram com a destruição dos espaços naturais.

Ainda que não seja por amor ao meio ambiente, ou por respeito a toda a coletividade que legitimou nossos legisladores a ocupar a função por eles ostentada (que os vincula ao dever de perseguir o bem comum), então que, ao menos por algum senso de racionalidade, percebam que retroceder na proteção já assegurada às nossas florestas implica em perda de qualidade de vida, bem-estar, e mesmo de riqueza, em se tratando de biodiversidade, potencial turístico da paisagem natural, reservas de recursos naturais...

Neste Dia da Árvore, que nós, enquanto sociedade, co-responsável pela proteção e conservação de um meio ambiente sadio e equilibrado, façamos uma reflexão acerca de como podemos atuar em favor desta flora megadiversa que nos cerca, exercendo, por todos os instrumentos que estiverem ao nosso alcance, todo tipo de pressão e mobilização, capaz de chamar a atenção sobre a problemática envolvida no debate sobre o novo Código Florestal, que não se resume a uma mera oposição entre “ruralistas” e “ambientalistas”, mas que tem implicações muito maiores, abrangendo a dignidade e a durabilidade da vida.

Desejo a todos e todas um Feliz Dia da Árvore!

Eveline é pós-graduanda em Gestão e Perícia Ambiental pela UNIC, graduada em Gestão Ambiental pelo IFMT, e acadêmica do curso de Direito da UFMT, integrando o grupo de pesquisa JusClima.


~ shyam bai urveti

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