quarta-feira, 20 de junho de 2012

Rede de Sementes do Xingu

I IKATU XINGU
http://www.yikatuxingu.org.br/2012/05/02/rede-de-sementes-do-xingu-ganha-reforco-para-fornecer-microcredito-a-coletores/


Rede de Sementes do Xingu ganha reforço para fornecer microcrédito a coletores

Organização Eco-social do Araguaia passa a gerir o Fundo Rotativo da Rede de Sementes do Xingu. A ideia é estimular os coletores e melhorar sua qualidade de trabalho.
Por Christiane Peres e José Nicola Costa, ISA
Sementes coletadas. Foto: Ayrton Vignola.
A partir deste ano, a Organização Eco-social do Araguaia (Oeca) assume o Fundo Rotativo da Rede de Sementes do Xingu e passa a ser a responsável pela concessão de microcrédito aos coletores. A proposta é que a Oeca ajude no processo de estruturação da Rede de Sementes, estimulando os coletores nessa atividade e dando suporte para que eles possam melhorar seu trabalho. O Fundo Rotativo foi lançado em 2010 para fortalecer o trabalho dos coletores e até a transferência para a Oeca, era gerido pelo Instituto Socioambiental (ISA) – organização responsável pela animação da rede. A Oeca é uma organização especializada em concessão de microcrédito, o que dá maior segurança jurídica ao processo de empréstimos e devoluções.
“Nossa expectativa é que num futuro próximo a gente apoie cada vez mais coletores e que eles nos vejam como verdadeiros parceiros nesse trabalho”, afirma Denilza Oliveira, presidente da Oeca.
“O fundo é muito bom e a gente espera que continue funcionando direito. Dá um pouco de medo a mudança, porque ninguém sabe direito como vai funcionar e aí a gente fica com medo que fique mais difícil acessar o microcrédito. Mas precisando, a gente vai recorrer. Eu mesmo já peguei três ou quatro vezes o crédito para comprar ferramentas. Então eu sei que esse fundo ajuda muito a melhorar nosso trabalho de coleta de sementes”, diz Santino Sena, coletor de Nova Xavantina (MT).
Segundo Denilza Oliveira, a organização iniciará um trabalho em parceria com os elos da Rede de Sementes do Xingu para divulgação dos procedimentos para aquisição do microcrédito. “Queremos dar todas as informações necessárias, tirar todas as dúvidas para que os coletores fiquem mais tranquilos”, diz. A partir disso, os coletores interessados já poderão procurar a Oeca com seus projetos em mãos para pegar o financiamento.
Para 2012, o fundo pretende aprovar 35 projetos, beneficiar 13 grupos coletores e disponibilizar R$ 29,5 mil. Para o período 2012/2013, o valor disponível no Fundo Rotativo é de R$ 64 mil. Os empréstimos poderão variar entre R$ 500 e R$ 3 mil, dependendo do histórico de entrega do coletor. Para facilitar o trabalho, os coletores foram classificados segundo o volume de entregas em quatro categorias: (A) baixo – que comercializa até R$ 1 mil; (B) médio – que comercializa entre R$ 1 mil e R$ 5 mil; (C) alto – quem comercializa entre R$ 5 mil e R$ 10 mil; e (D) muito alto – àquele que comercializa mais de R$ 10 mil. Assim, o coletor da categoria A pode ter acesso até a R$ 500; o da B a até R$ 1 mil; o da C até R$ 2 mil; e o da categoria D pode receber até R$ 3 mil.
Até hoje foram aprovados dez projetos, beneficiando dois grupos indígenas e 27 coletores, num total de R$ 32,5 mil.
Dessa forma, o Fundo Rotativo apoiará significativamente aquele coletor que já realiza boas entregas e tem um potencial de crescimento – ou seja, as categorias B e C – mas sem deixar de fora aqueles que estão começando e ainda realizam entregas pequenas.
Investir no microcrédito é uma maneira de dinamizar as estratégias relacionadas à sustentabilidade da Rede de Sementes do Xingu e de seus coletores. É também uma forma de educação, que permite às pessoas envolvidas uma melhor relação com o meio que as cerca, além de capacitá-las para a construção de capital social em níveis comunitário, municipal e regional, construindo uma Rede de Sementes forte, que ao mesmo tempo gere renda aos coletores e contribua para a restauração florestal por meio da valorização e respeito à diversidade socioambiental.
Sobre a Oeca
Criada pela Associação de Educação e Assistência Social Nossa Senhora da Assunção (Ansa) em 2011, a Oeca nasce como uma entidade especializada para contribuir na região com experiências e projetos de geração de renda e desenvolvimento sustentável.
Há mais de dez anos a Ansa aposta na concessão do crédito popular solidário para melhorar a qualidade de vida das pessoas carentes do baixo Araguaia, focando no microcrédito para negócios familiares em valores que variam de R$ 200 a R$ 1,5 mil. É um dos projetos mais emblemáticos da região e já outorgou aproximadamente de 4,5 mil microcréditos, totalizando repasse de R$ 3 milhões à população excluída, visando agregar valor aos negócios da economia familiar, tais como: hortas, padaria, comércio, costura, pequenos animais e projetos de geração de renda e desenvolvimento sustentável.
Como funciona o microfinanciamento
Quem pode se beneficiar?
Qualquer coletor da Rede de Sementes, desde que esteja cumprindo os princípios e critérios estabelecidos. Atualmente, 300 coletores fazem parte da iniciativa, organizados em 12 subnúcleos, dentro dos 11 núcleos de coleta.
O que pode ser financiado?
Materiais de insumo básico para coleta, transporte, beneficiamento e armazenamento de sementes.
Qual valor pode ser financiado?
Os empréstimos poderão variar entre R$ 500 e R$ 3 mil, dependendo do histórico de entrega do coletor. Os coletores foram classificados segundo o volume de entregas em: (A) baixo – que comercializa até R$ 1 mil; (B) médio – entre R$ 1 mil R$ 5 mil; (C) alto – entre R$ 5 mil e R$ 10 mil; e (D) muito alto – mais de R$ 10 mil. Sendo assim, o coletor da categoria A pode ter acesso até R$ 500; o da B até R$ 1 mil; o da C até R$ 2 mil; e o da categoria D pode receber até R$ 3 mil.
Quanto tempo vai levar a liberação do crédito?
Após o recebimento da proposta, a Oeca levará o projeto para análise no Comitê de Crédito – composto pelos elos da Rede de Sementes. A expectativa é que depois de analisar a proposta no comitê, o recurso seja liberado ao coletor em no máximo 10 dias.
Quais os prazos para pagamento do empréstimo?
O prazo de pagamento será de até seis meses – com carência de dois a seis meses dependendo da época de aprovação do projeto. Possibilidades de pagamento e retorno: três parcelas, de dois em dois meses, no último dia do mês; três parcelas seguidas; uma parcela com pagamento em dezembro ou duas parcelas: outubro/dezembro. Acontecerá retenção de 4% do valor a ser repassado, para despesas administrativas.
Qual o papel dos elos responsáveis pelos núcleos no Fundo Rotativo?
Ajudar a divulgar o fundo de crédito, apoiando a elaboração da proposta de negócio/projeto; participar do Comitê de Crédito; realizar o acompanhamento do investimento do recurso e da devolução e avaliação final do investimento.

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