sábado, 3 de novembro de 2012

CSA é multada em R$ 10,5 milhões por 'chuva de prata'

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Rio

CSA é multada em R$ 10,5 milhões por 'chuva de prata'

“Minha paciência com a CSA acabou”, disse Carlos Minc

Jornal do BrasilRenan Almeida*
A Secretaria Estadual do Ambiente anunciou nesta quinta-feira (01) que a Companhia Siderúrgica do Atlântico (CSA) será multada em R$ 10,5 milhões, por mais uma ocorrência de 'chuva de prata', em Santa Cruz, na Zona Oeste do Rio, na segunda-feira (29). A 'chuva de prata' é formada por partículas liberadas na produção de ferro.
É a terceira vez que a empresa é autuada pelo mesmo crime ambiental. “A minha paciência com a CSA acabou”, disse o secretário Carlos Minc, ao anunciar dados da fiscalização e o valor da autuação: 
“Não é a primeira vez que eles fazem essa lambança. Levaram o segundo cartão amarelo. O próximo é suspensão”, completou o secretário, sinalizando que “poderá embargar a companhia”.
Apesar das palavras duras do secretário, a punição soa muito branda. A companhia foi multada duas vezes pelo mesmo problema - em agosto de 2010 (R$1,8 milhões) e em janeiro de 2011 (2,8 milhões)- no entanto, ainda não pagou nenhuma das multas, uma vez que continua recorrendo à Justiça.
Resíduos de escória
Análises feitas pela secretaria comprovaram que, por falta de umidificação, ventos associados ao tempo seco espalharam pelos ares resíduos de escória - subproduto do ferro, também usado para pavimentação. Isso provocou a chamada nuvem de prata, que atingiu as localidades de Alvorada e São Fernando, onde vivem cerca de quatro mil pessoas.
"É injustificável uma siderúrgica do tamanho da CSA alegar que faltou água porque não tinha caminhões pipa suficientes para umedecer as pilhas de resíduos", reclamou Minc.
Os resíduos provocam o agravamento de problemas respiratórios, dermatológicos e alérgicos, explicou a presidente do Instituto Estadual do Ambiente, Marilene Ramos. “É um pó fino que se deposita, entra na casa das pessoas, traz sujeira e causa problemas de pele, de respiração irritação na vista. É grave”, afirmou Marilene.
A gerente de qualidade de ar do INEA, Mariana Palagano, minimizou os danos à saúde causados pelo 'pó de prata'. Segundo afirmou, as partículas carregadas pelo vento na segunda-feira (29) são maiores e não ofereceriam graves danos ao sistema respiratório. "São partículas maiores, chamamos de sedimentadas. As mais preocupantes são as menores, que entram mais profundamente no sistema respiratório", explicou. De acordo com o secretário Estadual do Ambiente, a 'chuva de prata' é composta por partículas de grafite e ferro.
Os danos à saúde e a composição das partículas foram motivos de polêmica em 2011. À época, cientistas da Fundação Oswaldo Cruz afirmaram que as partículas não eram apenas de grafite e ferro e poderiam causar problemas graves. Por conta das declarações, a CSA processou dois cientistas da Fiocruz alegando que ‘as declarações eram infundadas’.
Segundo a CSA, o estudo da Fiocruz foi feito “com informações antigas, com base em uma literatura da década de 70. Sem que os pesquisadores tivessem visitado a CSA”. A empresa e os cientistas da Fiocruz entraram em acordo posteriormente e as ações judiciais foram retiradas em janeiro deste ano. 
Além da multa de R$ 10,5 milhões, a companhia terá de aplicar R$ 4,5 milhões na zona rural para compensar os prejuízos na agricultura da região. Também foi estipulado o plantio de 15 mil árvores. Para evitar a reincidência, deve apresentar em até 30 dias um novo sistema de umidificação das pilhas de escória, que não dependa de caminhões pipa.
No total, a CSA foi multada em R$ 14,1 milhões por poluir o entorno da siderúrgica com pó de prata por três vezes, por várias causas. A primeira multa foi aplicada em agosto de 2010 e a segunda, em janeiro de 2011. A companhia também foi obrigada a pagar uma compensação de R$ 14 milhões para obras na região. De acordo com o secretário Carlos Minc, o dinheiro de compensações é investido na construção de postos de saúde, controle de inundações e compensação de pescadores do entorno.
Em nota, a TKCSA  reconheceu o problema, afirmou que o grafite é um material não tóxico e se desculpou aos vizinhos pelo incômodo.  A empresa afirmou já ter realizado todas as ações para ajustar os procedimentos para o caso de condições climáticas semelhantes. Informou ainda ter aumentado o número de equipamentos e a frequência de umidificação das pilhas de material para evitar novas ocorrências.
* Do projeto de Estágio do Jornal do Brasil

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