segunda-feira, 26 de maio de 2014

No preparo para a Copa, governo negocia com sindicatos, vigia black blocs e terá militares nas ruas

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No preparo para a Copa, governo negocia com sindicatos, vigia black blocs e terá militares nas ruas

O Palácio do Planalto montou uma ofensiva para evitar que qualquer coisa dê errado na Copa do Mundo — do controle das manifestações ao bom acolhimento dos estrangeiros, do funcionamento dos aeroportos ao patrulhamento de eventuais greves de policiais —, e a principal aposta do governo é na militarização das ruas nas cidades-sede da Copa do Mundo para inibir a violência nas manifestações. Dez dias antes do começo dos jogos, tanques do Exército, militares armados e policiais da Força Nacional de Segurança começarão a ofensiva.
O governo está particularmente atento a duas datas: 12 de junho, abertura oficial da Copa do Mundo, com a partida entre Brasil e Croácia, em São Paulo; e 14 de julho, um dia após a final, quando acontecerá a Cúpula dos Brics (grupo composto por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul). A presidente Dilma Rousseff estará presente na abertura da Copa, na Arena Corinthians, e tem convidado chefes de Estado para assistir ao jogo. Para a cúpula, Dilma vai recepcionar os quatro chefes de Estado dos Brics.
A reportagem é de Simone Iglesias e Luiza Damé, publicada pelo jornal O Globo, 26-05-2014.
No Planalto, a avaliação é que os protestos de junho do ano passado em todo o país foram “educativos”. A partir deles, foi possível mapear os movimentos por trás das manifestações e os motivos de cada grupo ir para as ruas. Um ministro da articulação política conta que, ao PT, foi delegada a tarefa de “desarmar” os sindicatos e negociar um armistício durante os meses de junho e julho. O governo avalia que haverá manifestações, mas serão de categorias específicas e mais bem organizadas.
Redes monitoradas
Quanto aos manifestantes mais radicais, coube à área de inteligência da Polícia Federal e à Agência Brasileira de Inteligência (Abin) estudar quem são e acompanhá-los. Integrantes de movimentos violentos como os black blocs, inclusive no exterior, foram identificados e estão sendo acompanhados. Redes sociais também estão sendo monitoradas.
— Hoje, nossa avaliação é que os grupos estão contidos, e temos informações sobre eles. Em junho passado, todos fomos pegos de surpresa, ninguém sabia de onde vinham as manifestações e quais as reivindicações. De lá para cá, grupos foram contidos ou identificados. A preocupação diminuiu — afirmou um ministro.
A “super quinta”, organizada há dez dias por manifestantes em várias capitais como um “esquenta” para protestos mais vigorosos na Copa, contribuiu para a avaliação do governo de que o ímpeto reivindicatório arrefeceu. Para o Planalto, a violência dos protestos em 2013 afastou a classe média das ruas.
— Foi planejado algo gigantesco, não deu certo, e tudo acabou em quebra-quebra para dar mídia, ao menos. Se houver cem mil manifestantes nas ruas, mas protestando pacificamente, não tem problema. Ninguém sai ferido. Complicado em grandes eventos é lidar com vandalismo — disse um dos responsáveis pela área de inteligência do governo.
Além da mobilização das Forças Armadas e da Força Nacional de Segurança, a Advocacia Geral da União estará de plantão em todo o país para evitar greves de policiais. O órgão terá prontas ações para ingressar na Justiça, pedindo a ilegalidade de paralisações e mandando policiais de volta ao trabalho. O modelo foi a ação contra as greves de policiais na Bahia e em Pernambuco.
O governo está preocupado, ainda, em assegurar que a imagem final para a população seja positiva. Por isso, o Planalto está distribuindo aos 39 ministros de Estado e às principais autoridades federais um kit com informações sobre o chamado legado da Copa, com dados das obras feitas e das que ainda serão concluídas, além de um discurso padronizado dos benefícios do evento. A ideia é reproduzir o discurso de Dilma, que apelou à hospitalidade do brasileiro, para mostrar o que representa para o país receber bem os estrangeiros.
O governo vai insistir também no retorno econômico do evento e reafirmar o discurso de que houve, sim, investimento em estádios, mas que nenhum centavo foi tirado da Saúde ou da Educação. Mais do que isso: as obras nas cidades-sede só teriam sido aceleradas em razão da Copa.

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