quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

Rentabilidade versus direitos humanos

adital
http://www.adital.com.br/site/noticia.asp?boletim=1&lang=PT&cod=73870


Rentabilidade versus direitos humanos
 
Alba Sud
Associação catalã especializada em Investigação e Comunicação para o Desenvolvimento fundada em Barcelona em 2002
Adital
Tradução: ADITAL

Por Lina Karlsson - Solidaridad Suecia-América Latina (SAL) / Alba Sud
Os fundos de pensão suecos há anos investem na empresa mineradora canadense Goldcorp, que acumula denuncias pelos impactos causados em suas explorações. Um dos casos mais alardeados é o da mina Marlin, na Guatemala.
Quanto vale uma vida humana? A ideia me vem à cabeça enquanto leio sobre a economia da empresa mineradora canadense Goldcorp. Em sua página web aparecem valores vultuosos. Em 2011, Goldcorp pagou 1.881 milhões de dólares em dividendos. A empresa vai bem. Porém, por que e a custa de quem; isso não é divulgado e os números não revelam. Os fundos de pensão da Suécia investiram 364 milhões de coroas suecas (5.709.516.085 dólares) na Goldcorp, que tem minas na América Central e na América do Sul. Uma delas é a mina Marlin, na Guatemala.
Em 2008 começaram a chegar informações sobre abusos na mina, principalmente sobre a degradação do meio ambiente, enfermidades e ameaças violentas à população(1). Desde então, a Comissão Interamericana de Direitos Humanos, e uma série de organizações internacionais começaram a criticar a mina Marlin e pressionaram a Goldcorp para que fizesse melhoras(2). A mesma empresa Goldcorp declara que quer fazer uma mineração responsável. Entre outras coisas, atualmente, financia programas sociais na área ao redor da mina. No entanto, em reportagens publicadas recentemente sobre a região, a população testemunha novas irregularidades (3). Falam sobre ameaças dirigidas contra os que se negam a vender suas terras ou aos que abertamente criticam a mina. Dona Diodora Hernández, uma anciã de San Marcos, é uma delas. Diz que os mineiros a ameaçaram de morte, empunhando arma, porque não quer vender sua terra.
Os fundos de pensões suecos sempre mantiveram seus investimentos na Goldcorp (em espanhol). Justificam isso dizendo que estão em diálogo com a empresa -e que, portanto, podem tentar influir nesta para melhorá-la. O que não percebem é que as melhorias que Goldcorp fez são só aparências. Há uma casca, uma fachada, porém, não há conteúdo. Quando entrevistei recentemente ao líder indígena Daniel Pascual, ele sustentou que as mudanças que a Goldcorp tem feito até o momento são só cosméticas, que nunca podem superar o dano causado às pessoas e ao meio ambiente na área. O impacto negativo permanece. E as ameaças contra os opositores da mina também continuam. O caso é clássico. Novamente o pequeno contra o grande. David contra Golias. E, enquanto a luta continua, o mundo observa sem atuar. Ou olha para o outro lado, fingindo não ver.
De acordó à normativa vigente (espanhol), os fundos de pensão têm que fazer investimentos éticos –porém, somente se não põem em perigo o rendimento. A Goldcorp continuará fazendo muito dinheiro. Os investimentos continuarão tendo lucros. No final, tudo se resume na apresentação de cifras gordas.Penso que é repugnante. E me envergonho de que o governo sueco permita que nossas pensões cresçam a expensas dos direitos humanos. A Goldcorp não é a única empresa criticada na qual os fundos de pensão investiram dinheiro.
Quando os fundos de pensão forem revisados, haverá a oportunidade de mudar as regras. Já é hora de que a Suécia assuma a responsabilidade e deixe claro que a rentabilidade nunca deve ser eleita acima dos direitos humanos e do meio ambiente. As possibilidades de melhorar ainda existem. Tudo é questão de tomar a decisão. Antes tarde, do que nunca!
Notas:
[1] Sobre las informaciones referentes a abusos de la mina Marlin puede verse: Agencia PL, Explotación minera ha ocasionado severos daños en Guatemala, Radio La Primierísima, 17 de marzo de 2008; GRAIN, No a la mina, no revienten las montañas, Biodiversidad, 16 julio 2008; Aron Lindblom,Guldfeber och motstånd i Centralamerika, Latinamerika.nu, 9 de octubre de 2008; Periodismo Comunitario, Gold Corp SA. contra 8 mujeres indígenas (video en Youtube), 13 de octubre de 2008; Sam Verhaert, Goldcorp devora el territorio por la fiebre del oro, No a la Mina, 3 de diciembre de 2009.
[2] Sobre las críticas de organizaciones internacionales se toma como ejemplo: La CIDH pide al Gobierno suspender explotación de la mina Marlin, Prensa Libre, 21 de mayo de 2010; CIDH solicita al gobierno de Guatemala suspender la explotación de la Mina Marlin en territorio maya, Centro de Políticas Públicas, 26 de mayo de 2010; Chris Hufstader, Mina Marlin: Pedido de suspensión a causa de la violencia y la contaminación, Oxfam Amércia, 1 de noviembre de 2011. Sobre la respuesta de la empresa a las peticiones de suspensión de la explotación en la Mina Marlin puede verse el siguientecomunicado.
[3] Una muestra de los reportajes recientes son los siguientes: Lyuba Zarsky and Leonardo Stanley,Buscando Oro en el Altiplano de Guatemala: Beneficios económicos y riesgos ambientales de la Mina Marlin, Global Development And Environment Institute, septiembre de 2011; Sara Murillo Cortés, Längs guldgruvans problemkantade vägar, Latinamerikagruppernas, 4, 2012; Agencia EFE, Organizaciones protestan contra mina Marlin, Prensa Libre, 26 de abril de 2012.
Lina Karlsson es comunicadora. Corresponsal para Centroamérica de Solidaridad Suecia-América Latina(SAL), con sede en Managua, y colaboradora de Alba Sud. Artículo publicado originalmente en sueco en la revista Folket, número 6, 17 de febrero de 2013. Traducción al español de Lina Karlsson para Alba Sud.
[Fuente: http://www.albasud.org/noticia/es/398/rentabilidad-versus-derechos-humanos

Nenhum comentário:

Postar um comentário