quinta-feira, 29 de maio de 2014

Campanha de segurança revolta entidades raciais em Ribeirão Preto

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Campanha de segurança revolta entidades raciais em Ribeirão Preto

Cartazes foram aficionados em ônibus, Polícia Militar diz em nota que lamenta 'percepção equivocada e exagerada'

29/05/2014 - 10:00
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Silva Jr. / Especial
Sidnei Pereira e Silvia Seixas, representantes da Conen, afirmam que irão recorrer hoje ao Ministério Público contra cartaz da campanha (foto: Silva Jr. / Especial)
O material de uma campanha de prevenção a roubos da Polícia Militar (PM) revoltou entidades que lutam pela igualdade racial em Ribeirão Preto, que irão acionar hoje o Ministério Público.
No cartaz, afixado no interior dos ônibus de algumas linhas do município, há uma mulher branca sendo observada por um personagem de cor negra, que a PM diz se tratar apenas de uma silhueta. As entidades, entretanto, discordam.
“Isso evidencia o racismo institucional da Polícia Militar e reforça símbolos do senso comum, associando o negro ao mal”, explica Silvia Helena Seixas, coordenadora estadual do Conen (Coordenação Nacional de Entidades Negras).
Ela diz que a imagem é prejudicial à autoestima das pessoas negras, em especial os jovens da periferia. 
Hoje, a Conen vai procurar a PM, a Transerp e a Acirp (Associação Comercial e Industrial de Ribeirão Preto), que custeou os panfletos, para que a propaganda seja “imediatamente” retirada e que as entidades se comprometam a realizar capacitação de políticas públicas afirmativas.
O Ministério Público será acionado para intermediar o diálogo. A Unegro (União de Negros pela Igualdade) também irá recorrer à promotoria. “É um conteúdo extremamente discriminatório, é assustador que a PM reforce esses estereótipos”, afirmou ao A Cidade Ana Almeida, vice-presidente estadual da entidade.
Repúdio
O cartaz também indignou o vereador André Luiz da Silva (PCdoB), presidente da Comissão Permanente de Direitos da Igualdade Racional da Câmara de Ribeirão Preto.
“Por que sempre o negro é negativo?”, questionou, ressaltando que o terceiro personagem do cartaz, uma policial, é branca - assim como a vítima.
O vereador reclama que realiza diálogo constante com a PM justamente para evitar esse tipo de situação. 
“Essa manifestação de preconceito é involuntária, está incutida na cultura, e justamente por isso deve ser combatida”, diz.
Ele afirma que irá apresentar na sessão de hoje da Câmara uma moção de repúdio à campanha.
Exagero
Em nota, a PM informou que “lamenta a percepção equivocada e exagerada” do conteúdo da campanha.
“É notório que na arte do material sobre ‘Dicas de Segurança’ o ‘criminoso’ é representado pela caracterização de uma ‘silhueta’, por estar na penumbra, observando a sua vítima à espreita atrás de um poste, usando, para tanto, da sombra existente no local”, diz a nota.
O cartaz faz referência ao perigo de andar em ruas mal iluminadas. A Acirp diz que é parceira da PM na divulgação da campanha, mas explica que não foi a responsável pelo conteúdo do material. “Racismo, além de crime, é conduta abominada pela Acirp”, afirma a instituição. 

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